Essa foi a última vez que me decepcionei com o programa Shark Tank Brasil

Essa foi a última vez que me decepcionei com o programa Shark Tank Brasil

Não é de hoje que eu tenho minhas restrições ao programa Shark Tank Brasil. Não é síndrome de vira-lata ou uma aversão ao que é feito no Brasil em relação à versão norte-americana, mas eu simplesmente não consigo concordar com a maneira como os investidores se comportam e isso faz toda a diferença para que o programa seja bom.

O sucesso conquistado por todos os jurados é incontestável. Nos mais diversos ramos são pessoas famosas que conseguiram atingir sucesso nos seus empreendimentos e que hoje podem realizar investimentos em outras empresas para diversificar negócios. No entanto, em diversos casos percebi que o objetivo deles ali não é ser parceiro da empresa que está buscando uma parceria/sociedade.

No último que vi já estava ficando agoniado porque várias empresas entravam e saíam sem que nenhum dos investidores fizesse proposta. Ora, o programa gira em torno justamente das negociações entre as duas partes e caso uma análise do valor da empresa não está condizente você faz uma oferta dentro do que você acredita ser aceitável e negocia.

Mas o ponto que motivou esse texto foi outro: em determinado momento uma empresa pediu 500 mil reais por 10% do negócio dele. Iniciaram as negociações e 2 investidores fizeram uma proposta de 500 mil reais por 51% do negócio.

Daí tu vai dizer: “mas Zanatta, eles fizeram exatamente o que tu falou ali em cima!”

Não. Não foi isso que eles fizeram.

Qualquer investimento que se faça envolve um percentual baixo do negócio justamente para que possa sobrar um pouco para futuras rodadas de investimento. Além disso, a pedida dos caras foi tão absurda que eles queriam comprar o controle do negócio (51%), ou seja, o empreendedor que teve a ideia e colocou ela em funcionamento abriria mão de tudo isso para 2 “sharks”.

Sério, fiquei indignado com aquela situação. Primeiro pela falta de entendimento do que significa investir em startups. Ou vai me dizer agora que o cantor sertanejo e o empresário top abririam mão dos seus negócios para fazer a gestão da pequena empresa que se apresentava? Óbvio que não. A única coisa que eles conseguiriam com aquela negociação é desestimular a equipe original que agora não teria mais o controle da empresa e que invariavelmente perderia o estímulo pelo fato de ter a menor parte do negócio e ter que fazer todo o trabalho.

Por fim, a cartada final que me fez nunca mais olhar esse programa. Uma das sharks, vendo que o empreendedor não toparia a pedida absurda, começou a ameaçá-lo psicologicamente, dizendo coisas do tipo:

Escuta o que eu vou te dizer, você vai se arrepender de não fechar esse negócio
Tá vendo o Sorocaba aqui? Ele tem 500 mil seguidores no instagram

Sério, fiquei P da vida. O rapaz ainda fez uma contraproposta para aceitar 500 mil reais por 25% da empresa, mas eles não toparam.

Tenho um segredo para aquela shark: influenciador com 500 mil seguidores tem aos montes no instagram e se bobear até o Sorocaba por um preço razoável faz a propaganda.

Gente. O programa Shark Tank envolve uma parceria na qual obviamente os interessados em fazer a sociedade querem usufruir do prestígio dos investidores e dos canais/portas que eles podem abrir, mas isso não significa abrir mão de todo o negócio e sepultar as chances de novas rodadas de investimento no futuro. De que maneira esses dois sharks conseguiriam revender suas participações no futuro?

Enfim, esse não é um texto que eu discuto ideias ou coisa assim, apenas quero deixar meu desabafo porque faço a comparação com a versão americana e isso nunca aconteceu. Talvez no futuro as coisas mudem um pouco. Quando isso acontecer me avisem que eu volto a assistir 😉

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