Definir o PROBLEMA para começar a empreender

Definir o PROBLEMA para começar a empreender

Quantas vezes você já se deparou com aquela ideia genial que surge numa conversa entre amigos ou numa discussão no trabalho? À primeira vista seria um sucesso e com uma capacidade imensa de gerar muito dinheiro e, por conta disso, precisa ser colocada em prática o quanto antes. Todos sabem que iniciar uma empresa é algo que nos enche de energia e nos motiva para tirar a ideia do papel, mas existe um exercício fundamental que precisa ser feito antes de dar os primeiros passos na sua construção.

Ter novas ideias é algo natural. Eu mesmo já tive várias dessas ideias, mas aprendi com o tempo a fazer um trabalho de validação inicial que me poupa tempo e hoje, quando elas vem, normalmente não passam da primeira noite. Isso porque é natural que ao ter uma ideia a pessoa tente explorar todas as possibilidades, mas antes de pensar o que vai fazer com todo o dinheiro que aquela empresa vai gerar tem uma série de questões que precisam ser avaliadas.

Pensar em identificar um problema real é o primeiro passo para encontrar uma boa ideia
Imagem de Gerd Altmann por Pixabay

Existe realmente um problema?

A primeira e mais importante delas é avaliar se existe um “problema” por trás do que está sendo proposto. Não adianta ter uma ideia se ela não resolve um problema real, algo que realmente incomode as pessoas.

Definido esse ponto o próximo passo é entender como as pessoas resolvem esse problema atualmente. É nessa parte que as “ideias” costumam morrer porque se verifica que as pessoas estão satisfeitas com a maneira como resolvem seu problema atualmente e a nova solução não traz um benefício suficiente que as faça trocar. Em outras palavras, apenas “mais do mesmo”.

Nessas horas não se trata de avaliar se meu novo produto é igual ao que já existe no mercado ou não. Nesse momento o que se está avaliando é como o consumidor atual resolve o problema existente, independente de que tipo de solução ele use para isso. Se eu “estou com sede” eu posso resolver meu problema tomando água, tomando leite, tomando chá, tomando um refrigerante. Note que não são os mesmos produtos, mas todos resolvem o problema.

Outra forma de pensar: se você está com frio você pode colocar mais roupas ou então ligar o aquecedor. Ambas alternativas resolvem o problema, mesmo que tenham um modo completamente diferente de fazer isso.

Por outro lado, pense nos carregadores portáteis de celular. Não existe uma grande inovação nesse sentido porque baterias já existem há muito tempo, mas o ato de transformá-las em acessórios menores acabou com a dependência das tomadas para carregar nossos celulares. Ou seja, aquele canto da sala de reuniões que era sempre disputado por ter uma tomada agora não é mais necessário.

Note que existe um fator de timing também muito importante. Há 10 anos atrás os carregadores portáteis não teriam a grande utilidade que tem atualmente porque nossos celulares eram bem mais simples e não necessitavam carregar mais de uma vez por dia. Tablets, por exemplo, sequer existiam.

Ou seja, a partir do momento que surge um problema real (preciso carregar de maneira mais fácil meu celular que fica sem bateria 2x por dia) existe uma oportunidade gigantesca de criar um produto/serviço matador. Isso é resolver um problema! Essa é uma forma de entender uma dor do usuário (“preciso carregar meu celular, mas não posso ficar sem ele por todo esse tempo”) e validar uma solução que até então não existe.

Tudo isso parece muito lógico, mas os empreendedores que se apaixonam por suas ideias tendem a não dar valor para a real necessidade que ela terá no mercado e também diminuir o potencial das soluções já existentes em resolver a dor do cliente. No final das contas eles querem que os problemas se enquadrem na sua nova solução, e não o contrário.

Por essa razão é preciso ser mais cuidadoso no momento de avaliar suas ideias. Não tem problema nenhum imaginar coisas novas ou outras soluções que poderiam ser implementadas, mas faz muito mais sentido olhar atentamente para o mercado e entender qual é o “problema” que atualmente não possui solução e formular algo que resolva essa dor.

Roteiro para identificar um problema real

Adaptei uma trilha do artigo do site Metabeta que considerei muito válida para organizar as ideias em busca de uma boa oportunidade a partir da resolução de problemas identificados. São 6 passos que podem servir como uma espécie de “checklist” para identificar se a solução proposta é de fato endereçada a um problema real.

  1. Pirâmide para identificação de um problema real. Adaptação do site Metabeta

    É preciso entender em qual contexto/momento o problema ocorre.

  2. Quem são as pessoas afetadas e que se sentem incomodadas com essa situação?
  3. O que causa esse problema de verdade? Aqui vale a pena investigar mais a fundo para verificar se não estamos nos baseando em falsas opiniões.
  4. Quais são os impactos emocionais e financeiros de quem sofre por conta desse problema?
  5. Como as pessoas resolvem atualmente quando tem esse tipo de problema?
  6. Por fim, qual o descontentamento com a utilização dessa alternativa? Ou seja, o que deveria ser diferente na maneira como eu resolvo o problema hoje que me faria adotar essa nova solução?

A oportunidade encontra-se ao final dessa análise. Se não existe uma solução específica para determinada dor/problema e a alternativa que os usuários possuem não os satisfaz plenamente teremos uma ótima oportunidade para criar algo novo e ter uma boa aceitação do mercado.

 

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